• Foto tirada por Vera Oliveira @ São Pedro de Moel, distrito de Leiria, Portugal - Agosto 2006
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    terça-feira, outubro 18, 2005
    Porque (também) eu gosto de sonhar...

    I - ORIANA

    Há duas espécies de fadas: as fadas boas e as fadas más. As fadas boas fazem coisas boas e as fadas más fazem coisas más.
    As fadas boas regam as flores com orvalho, acendem o lume dos velhos, seguram pelo bibe as crianças que vão cair ao rio, encantam os jardins, dançam no ar, inventam sonhos e, à noite, põem moedas de oiro dentro dos sapatos dos pobres.
    As fadas más fazem secar as fontes, apagam a fogueira dos pastores, rasgam a roupa que está ao sol a secar, desencantam os jardins, arreliam as crianças, atormentam os animais e roubam o dinheiro dos pobres.
    Quando uma fada boa vê uma árvore morta, com os ramos secos e sem folhas, toca-lhe com a sua varinha de condão e no mesmo instante a árvore cobre-se de folhas, de flores, de frutos e de pássaros a cantar.
    Quando uma fada má vê uma árvore cheia de folhas, de flores, de frutos e de pássaros a cantar, toca-lhe com a sua varinha mágica do mau fado, e no mesmo instante um vento gelado arranca as folhas, os frutos apodrecem, as flores murcham e os pássaros caem mortos no chão.





    II – ORIANA


    Era uma vez uma fada chamada Oriana. Era uma fada boa e era muito bonita. Vivia livre, alegre e feliz dançando nos campos, nos montes, nos bosques, nos jardins e nas praias.
    Um dia a Rainha das Fadas chamou-a e disse-lhe:
    - Oriana, vem comigo.
    E voaram as duas por cima de planícies, lagos e montanhas. Até chegarema um país onde havia uma grande floresta.

    -Oriana – disse a Rainha das Fadas -, entrego-te esta floresta. Todos os homens, animais e plantas que aqui vivem, de hoje em diante, ficam à tua guarda. Tu és a fada desta floresta.Promete-me que nunca a hás-de abandonar.

    Oriana disse:
    - Prometo.
    E daí em diante Oriana ficou a morar na floresta. De noite dormia dentro do tronco de um carvalho. De manhã acordava muito cedo, acordava ainda antes das flores e dos pássaros. O seu relógio era o primeiro raio de sol. Porque tinha muito que fazer. Na floresta todos precisavam dela. Era ela que prevenia os coelhos e os veados da chegada dos caçadores. Era ela que regava as flores com orvalho. Era ela que tomava conta dos onze filhos do moleiro. Era ela que libertava os pássaros que tinham caído nas ratoeiras.
    À noite, quando todos dormiam, Oriana ia para os prados dançar com as outras fadas. Ou então voava sozinha por cima da floresta e, abrindo as suas asas, ficava parada, suspensa no ar entre a terra e o céu. À roda da floresta havia campos e montanhas adormecidos e cheios de silêncio. Ao longe viam-se as luzes de uma cidade debruçada sobre o seu rio. De dia e vista de perto a cidade era escura, feia e triste. Mas à noite a cidade brilhava cheia de luzes verdes, roxas, amarelas, azuis vermelhas e lilases, como se nela houvesse uma festa. Parecia feita de opalas, de rubis, de brilhantes, de esmeraldas e de safiras.


    (...) in A fada Oriana de Sophia de Mello Breyner Andresen